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Os perigos da Chikungunya

Mesmo a médio prazo, a doença é incapacitante e tem sequelas que podem perdurar por uma vida

O primeiro caso de Chikungunya no Brasil foi detectado em 2014, no Amapá. Embora a início ela tenha chamado menos atenção que a Zika, relacionada à microcefalia em recém-nascidos, ela assusta não só pelo número de casos (somente o Ceará, por exemplo, confirmou mais de 96 mil casos em 2017), mas pelos sintomas e sequelas que causa.

O Dr. Ivo Castelo Branco, infectologista e coordenador do Núcleo de Medicina Tropical da Universidade Federal do Ceará (UFC), explica que essa é uma doença incapacitante. “A pessoa se torna incapaz de fazer qualquer coisa. Você vê um rapaz de 18 anos andar curvado como se tivesse 90. E 80% dos casos duram cerca de 3 meses.”

Quando a Chikungunya dura mais de três meses, ela começa a ser tratada como reumática e apresentar sintomas como o da artralgia e da artrose, normalmente não encontrados em enfermidades infecciosas. Em muitos casos, a pessoa não consegue sequer abrir uma maçaneta ou segurar um objeto. Muitos perdem a capacidade de se movimentar normalmente, e precisam de cadeiras de rodas.

Se o paciente tem alguma patologia pregressa, como doenças articulares ou diabetes, a situação é pior, podendo levar a dores ainda mais intensas e ao coma.  Complicações como encefalite e depressão também podem acontecer.  “Imagine, por exemplo, um médico ou um trabalhador autônomo, parado por três meses?”, destaca Castelo Branco.

Os custos da doença também são altos. Além de trazer sequelas que deixam as pessoas incapazes de trabalhar, ela gera altas despesas para os cofres-públicos. Para dar uma ideia: em 2011, cientistas da Universidade Pierre et Marie Curie, de Paris, voltaram a atenção para uma pandemia que atingiu a Ilha de Reunião, na África, entre março de 2005 e abril de 2006. Na ocasião, um terço da população local (266 mil pessoas) contraiu a doença. Os resultados foram:

  • 470 mil consultas médicas realizadas, 25% a mais do que em períodos sem surtos de doenças;
  • 43,9 milhões de euros em gastos para os cofres públicos;
  • 112.400 dias de ausência no trabalho, o equivalente a 3017 anos.

É claro que devemos considerar que esse impacto se deu no contexto de uma ilha, com a população concentrada em uma pequena área. No entanto, mesmo em áreas continentais, pesquisas também indicam um impacto econômico significativo para a chikungunya.

A Universidade Tecnológica de Pereira, na Colômbia, fez um cálculo semelhante, com base na epidemia de Chikungunya que aconteceu no país em 2014. Foram notificados 106.592 casos, representando um impacto econômico de, na época, US$ 73,6 milhões (R$190 milhões) para o governo.

Os dados e fatos preocupam, e chamam ainda mais atenção para a necessidade de combater o Aedes aegypti, de forma ágil e assertiva. Quer saber mais sobre o assunto? Escrevemos aqui sobre como combater o Aedes de forma eficiente.