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A Febre Amarela ressurge

Após décadas, surtos preocupam cidades; doença é transmitida pelo Aedes aegypti

Desde 2016, as cidades brasileiras voltaram a se preocupar com uma doença que há décadas só era vista em sua forma silvestre: a febre amarela. De julho daquele ano até junho de 2017, foram confirmados 777 casos humanos, além de 261 mortes. Entre julho e janeiro de 2018 foram 11 registros e 4 mortes. Enquanto nas florestas os responsáveis pela transmissão são os mosquitos Haemagogus e Sabethes, nas cidades ela é transmitida por ele, o Aedes aegypti.

A situação preocupa especialmente nas cidades do sudeste, que concentram mais de 90% das ocorrências desde 2016, segundo o Ministério da Saúde. O estado de São Paulo, por exemplo, informou, entre o início de 2017 e o de 2018, 58 casos e 19 mortes humanas. Na segunda semana deste janeiro, todos os 86 macacos bugios do Parque Horto Florestal, Zona Norte da cidade de São Paulo, foram encontrados mortos.

Esse cenário levou o Ministério da Saúde a autorizar a vacinação fracionada no estado, assim como no Rio de Janeiro e na Bahia. Funcionará assim: as populações das zonas mais afetadas receberão uma dose menor (0,1 ml) da vacina, que normalmente tem 0,5ml. A imunização contra a doença é a mesma, porém, por menos tempo: enquanto a dose normal vale por toda a vida, a fracionada é eficiente por até 8 anos, segundo pesquisas da Fiocruz.

Ricardo Barros, ministro da Saúde, diz que a medida é emergencial, e visa “garantir a cobertura rápida em curto período de tempo”. Grupos especiais, que normalmente não respondem bem à vacina – crianças de 9 meses a 2 anos incompletos, grávidas, portadores de HIV e pessoas em quimioterapia – receberão a dose completa.

 

Entenda melhor a preocupação

A Febre Amarela é uma doença infecciosa febril aguda, causada pelo vírus RNA, transmitido por mosquitos infectados (Haemagogus e Sabethes, na versão silvestre, e Aedes aegypti, no ambiente urbano). Os principais sintomas são: febre, dor de cabeça, calafrios, náuseas, vômito, dores no corpo (a pele e os olhos ficam amarelos) e hemorragias (de gengivas, nariz, estômago, intestino e urina). Nas formas mais graves, pode levar à insuficiência no fígado e nos rins.

Em áreas rurais ou de florestas, os principais hospedeiros da doença são os macacos, e a transmissão ocorre pela picada dos vetores. Não há transmissão entre pessoas, mas a onipresença e a eficiência do Aedes aegypti em disseminar doenças é motivo suficiente para preocupação nas cidades.

O atual surto da doença é o mais grave desde 1942, quando a Febre Amarela urbana foi erradicada. Desde então, apenas a Febre Amarela silvestre foi registrada, nas florestas, especialmente na região Amazônica. Para essas regiões, o governo brasileiro tem medidas institucionalizadas de vacinação das populações que ali vivem e para as que se deslocam até essas.

Em janeiro deste ano, a Revista Fapesp citou um estudo do Instituto Adolfo Lutz que indica que, desde 2014, o vírus se propaga da Amazônia por meio de corredores de florestas, atravessando o Centro-Oeste, chegando a Minas Gerais (que registrou a maioria dos casos entre 2016 e 2017) e São Paulo e continuando rumo ao Espírito Santo. A Febre Amarela passou a atingir regiões da Mata Atlântica no oeste de São Paulo, no Rio de Janeiro e em partes da Bahia que antes não eram atingidas.

O motivo exato dessa propagação ainda não é conhecido, mas há teorias de que isso ocorreu pela migração de macacos impulsionada por mudanças ambientais, ou pelo deslocamento de mosquitos infectados para áreas mais distantes.

Embora a vacinação esteja sendo aplicada nas áreas mais afetadas, ela não resolve totalmente o problema – além de ainda não haver escala para imunizar toda a população (a vacina leva cerca de 12 meses para ser produzida), ela não impede que o vírus da Febre Amarela se propague. E o que pode impedir?  A erradicação do vetor urbano, o Aedes aegypti. E, nesse processo, a tecnologia pode ser uma grande aliada. Para saber como, leia o nosso blogpost sobre como combater o Aedes aegypti de forma eficiente.