18_04_03_Mitos-e-Verdades-Vacina-de-Febre-Amarela

Mitos e verdades sobre a vacina contra Febre Amarela

Dr. José Geraldo Leite Ribeiro, Mestre em Medicina Tropical e  Pediatra com Especialização em Epidemiologia, esclarece principais dúvidas

Na última semana, o Ministério da Saúde ampliou a vacinação contra a Febre Amarela para todo o território nacional. A ideia é prevenir de forma sistemática o vírus antes que se inicie mais um ciclo da doença, previsto para o próximo verão.

Simultaneamente, crescem também diversos mitos sobre a vacina, que o Dr. José Geraldo Leite Ribeiro, professor da FASEH – Faculdade da Saúde e Ecologia Humana, speaker nacional na área de imunização, nos ajuda a desmistificar.

Efeitos colaterais

Segundo o professor, realmente existem efeitos colaterais à vacina – assim como em todo medicamento. Por exemplo, a vacina pode provocar febre, dores musculares e de cabeça. No entanto, reações graves ou de hipersensibilidade são raras. De acordo com o Dr. José Ribeiro, correspondem a cerca de uma ocorrência grave a cada 400 mil doses aplicadas.

Regionalizaçãofebre amarela

Com a erradicação da febre amarela urbana em 1942, foi se tornando desnecessário expor toda a população a esse risco. Por isso, no fim da década de 90, foi promulgada uma medida para regionalizar as vacinas.

Para continuar a prezar pela prevenção, ações de monitoramento epidemiológico foram intensificadas. Mas, com o avanço da doença no ano passado, viu-se que o vírus tem se propagado mais rápido e essas ações já não são suficientes.

No surto atual, os números mostram que o surto pode se alastrar muito rapidamente. Por isso, é mais seguro vacinar as populações – mesmo aquelas em regiões expostas a um baixo risco,” explica José Ribeiro.

O real desafio

“O único problema atual é conseguir vacinar o adulto,” diz o doutor. Quando há epidemia do vírus, sua maior ocorrência é entre homens adultos. Por isso, é necessário levar a vacina a todas as esferas deste grupo. “Se os homens adultos não se vacinarem, teremos mais surtos no futuro.”

Vacina fracionada

A vacina fracionada, em médio prazo, funciona tão bem quanto a dose inteira. A estratégia, nesse caso, é de imunizar a população rapidamente. Mesmo que não hajam doses integrais o suficiente, a medida consegue abarcar a maior parte da população, sem comprometer o estoque estratégico.

Há recomendação de aplicação da dose fracionada em São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia. Em comunicado oficial, o Ministro da Saúde, Ricardo Barros, afirma que  “as doses fracionadas têm a mesma efetividade da integral, conforme estudos publicados”. Para os demais estados, que não estão em risco, enquanto não houver circulação do vírus, será aplicada a dose integral.

Vigência e mutação

A vacina brasileira contra a febre amarela é conhecida por sua eficácia. Para quem toma a dose integral, a dose é única e não precisa ser reforçada ao longo da vida. Até 2014, a recomendação era que se renovasse de dez em dez anos, mas a partir de estudos mais recentes, a Organização Mundial da Saúde (OMS) mudou sua orientação. No ano passado, o Brasil adotou a política da OMS.

Segundo dados da Anvisa, “a vacina continua sendo a mesma. O que mudou foi o entendimento sobre a sua validade que até alguns anos atrás não era totalmente conhecida. Este tipo de revisão da validade de uma vacina pode acontecer porque são necessários vários anos, às vezes décadas, para ter certeza do período de validade da proteção de um medicamento como este”.

Contrariando os boatos de que a vacina teria se tornado mais fraca devido a uma mutação do vírus da febre amarela, o Dr. José Ribeiro esclarece: “É verdade que houve uma mutação, mas não foi uma mudança na estrutura do vírus, que demande uma resposta vacinal. Ou seja, a eficiência da vacina continua a mesma”.