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Existe uma epidemia no Rio de Janeiro?

Números de casos de Chikungunya no estado preocupa população

 

O Estado do Rio de Janeiro vivenciou em primeira mão os efeitos da Chikungunya neste início de ano. Apenas nos primeiros três meses, o número de casos da doença já chegava a algo muito próximo do que foi o total de todo o ano passado. De janeiro a março de 2018, foram 4.262 notificações do vírus, enquanto em 2017, foram 4.305.

A capital ficou com 854 desse montante, enquanto Niterói e São Gonçalo sofreram com avanços chocantes no índice de casos. Em Niterói, esse número cresceu cerca de 265% em relação ao ano passado, e em São Gonçalo, pulou para 394% a mais.

Isso significa que, assim como aconteceu no Ceará, o Rio corre o risco de entrar em uma epidemia?

Não é bem assim. Para começar, devemos levar em conta que estamos falando do período em que as arboviroses se multiplicam com maior intensidade: o verão. O infectologista Rivaldo Venâncio, em nota da Fiocruz, ressalta que em março e abril são registradas temperaturas mais altas e índice elevado de chuvas – fatores determinantes na proliferação do Aedes aegypti.

Para Venâncio, é preciso também considerar que este número, apesar de notável, ainda não se compara aos índices vividos pelo Nordeste no ano passado.

“Se de fato nós caminhamos para uma epidemia de chikungunya no estado do Rio, esses números iniciais não são suficientes para fazer tal afirmação. Há que se considerar, no entanto, a provável existência de um número razoável de casos que ainda não foram inseridos no sistema de notificação. Caso ocorra, de fato, uma epidemia, devemos esperar que até o final do ano tenhamos números aproximadamente 10 a 15 vezes maiores que os que foram registrados até agora”.

Essa também é a visão do subsecretário estadual de Vigilância em Saúde do Rio, Alexandre Chieppe. Chieppe destaca que é importante considerar que o vírus ainda é novo no estado e, por isso, a população não tem imunidade contra ele.

Ainda segundo Chieppe, o combate já está sendo realizado de forma intensa na maioria das prefeituras fluminenses. Ações pontuais e de prevenção para combate do Aedes aegypti estão em andamento, parte dos planos de contingência dessas cidades.

 

Condições propícias para o Aedes

O fato de não estarmos falando de uma epidemia não significa que devemos baixar a guarda para este risco. O Rio de Janeiro possui problemas maiores para a saúde pública do que apenas a chegada do verão e a proliferação natural do Aedes aegypti.

O abastecimento de água no estado nem sempre é feito de forma regular. E se a população não tem acesso à água todos os dias, começa a acumulá-la de forma inapropriada para os dias sem abastecimento. Além desses reservatórios de água parada, ainda há o lixo. Com uma coleta pouco eficiente, o lixo descartado se torna um ninho para o Aedes.

Esses são outros motivos levantados por Venâncio para explicar a alta da Chikungunya. Para o infectologista, até mesmo o desemprego e a violência desempenham um papel nas condições que favorecem os índices de Chikungunya. Desempregadas, as pessoas ficam em casa e se tornam alvo mais fácil para os vetores. Enquanto isso, lugares violentos dificultam o desenvolvimento de ações de controle do mosquito.

“É o calor e a chuva, numa comunidade com enormes carências de infraestrutura urbana, na qual a coleta do lixo, os fornecimentos regulares de água para o uso doméstico são precários. Nessas condições, a fêmea do mosquito Aedes vem e deposita seus ovos”.