Como mapear o risco de novos casos de Dengue, Zika e Chikungunya

A tecnologia como ferramenta para antecipar o aparecimento de casos e atuar na sua prevenção

O risco de ocorrência de arboviroses é complexo e dependente de fatores que variam dependendo do local e da época do ano. Para definir e direcionar as ações de controle, prever esse risco é, portanto, um desafio.

É um desafio, mais do que nunca, necessário para realizar o combate de forma eficiente. Pensando nisso, a Ecovec desenvolveu o MI-Aedes, sistema integrado de monitoramento, que produz, capta e considera todas as informações disponíveis para a classificação de risco.

 

Como mapear esse risco?

O ponto de partida é o número referente à população dos mosquitos adultos, estimado a partir de armadilhas posicionadas estrategicamente pela cidade, as MosquiTraps. Ao contrário dos índices larvários, como os oferecidos pelo LIRAa, o monitoramento de vetores adultos gera uma fotografia da densidade populacional do mosquito diretamente associada com sua capacidade de transmissão. Afinal, só o Aedes adulto – e fêmea – transmite as doenças.

As MosquiTraps são frequentemente vistoriadas pelos agentes de endemias, que registram o número de fêmeas de forma georreferenciada, e ainda mandam para análise virológica em laboratório.

Os dados de infestação do vetor são imediatamente integrados ao sistema MI-Aedes, que plota automaticamente mapas, gráficos e tabelas com dados de infestação de mosquitos A. aegypti.

O sistema ainda calcula o IMFA (Índice Médio de Fêmea de Aedes), que é uma relação entre o número de fêmeas capturadas pelo número de armadilhas vistoriadas. É com base nesse índice que se classifica a situação de infestação da cidade. Foi em 2007, durante estudo realizado em Vitória, no Espírito Santo, que se verificou a relação do IMFA com os casos humanos.

 

IMFA

Correlacionando as áreas vistoriadas, o IMFA registrado e o número de casos de dengue no período, obteve-se o gráfico acima. Nas áreas em que o IMFA era menor que 0,10, foram detectados apenas 2,26% dos casos da cidade. Uma taxa média foi estabelecida entre 0,11 e 0,40, número correspondente às regiões que concentraram 21,80% dos casos. Já a taxa alta, onde se concentraram 75% dos casos, foi acima de 0,41.

Ou seja, constatou-se que quando o IMFA é mantido em níveis satisfatórios, as chances de haver casos de dengue são muito pequenas. Se não há mosquitos, não há justificativa para transmissão. Assim, o objetivo para os municípios fica claro: diminuir ao máximo o número de vetores para reduzir a probabilidade de haver casos das doenças.

 

Mão na massa: como é feito na prática

Com a avaliação semanal da presença do vetor, é possível, então, prever o aparecimento de casos e atuar na sua prevenção. Foi o caso da atuação do MI-Aedes em Vitória, à época do estudo. Durante 15 semanas, 1411 MosquiTraps em todo o município foram monitoradas. Vitória possuía cerca de 300 mil habitantes na época, e todos os 79 bairros do município estavam incluídos no monitoramento.

densidade de casos

Como é mostrado no gráfico, se comprovou uma alta correlação entre o IMFA médio e o aparecimento de casos. Ou seja, o IMFA foi um indicador extremamente confiável de mosquitos adultos e do risco de ocorrência de dengue na cidade. Com esses dados em mãos, foi possível realizar a detecção antecipada da entrada do vírus da dengue e seus sorotipos em Vitória.

Mapeando o risco de cada região, ações direcionadas puderam ser tomadas. A equipe da Ecovec acompanhou, aconselhou e forneceu consultoria técnica para essas ações de controle. Foram feitas, ainda, visitas técnicas de avaliação do trabalho e acompanhamento de campo.

Com ação direcionada, os resultados são sempre maximizados – e nesse caso não foi diferente. Quer saber mais? Nas próximas semanas, contaremos tudo sobre nossa atuação no Espírito Santo. Fique ligado em nosso blog ou inscreva-se para receber nossos e-mails!