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Infecção pelo Zika Vírus pode levar a esquizofrenia e autismo

Novas descobertas indicam mais uma sequela da doença

 

Quase três anos após o início do surto do Zika Vírus no país, um novo estudo realizado pelas Universidades Federal do Rio de Janeiro e de São Paulo quer entender os impactos que esse episódio ainda pode trazer para a saúde pública do país.

Na época, final de 2015, a epidemia do vírus trouxe um aumento vertiginoso no aumento do nascimento de bebês com microcefalia. Essa condição impede que o cérebro dos bebês se desenvolva de forma natural, gerando problemas como atraso mental e déficit intelectual.

A relação entre a infecção pelo vírus e a ocorrência da microcefalia foi comprovada posteriormente. Agora, esse novo estudo tentou prever, de forma inédita, outras possíveis consequências da infecção a longo prazo, e como lidar com elas.

 

A pesquisa

Usando roedores como cobaias, a pesquisa tentou identificar o impacto da infecção do vírus nos filhotes e o seu desenvolvimento neurológico ao longo da vida. A observação apontou que apenas cerca de 10% dos animais infectadas pelo vírus da Zika desenvolveram a microcefalia. No entanto, ela não é a única consequência causada por ele.

Na fase de desenvolvimento e até idade adulta das cobaias, distúrbios de comportamento, como esquizofrenia e autismo, convulsões e sequelas de memória ou motoras podem ocorrer, causadas pela replicação do vírus no cérebro e a morte dos neurônios.

Isso indica que a epidemia que afetou crianças que nasceram nesse período ainda pode ter outros desdobramentos, exigindo novos esforços das agências de saúde.

 

Impactos neurológicos pós epidemia

A relação entre infecções e desordens de comportamento já foi observada em outras situações, apesar de ainda ser um desafio para a ciência. O mesmo estudo cita, por exemplo, que durante uma pandemia de rubéola no início dos anos 60, foi identificada uma relação consistente de danos fetais, aumentando o índice de autismo e de esquizofrenia, que saltaram de menos de 1% dos casos para 13% e 20%.

Ainda não é possível fazer previsões concretas, mas o receio dos cientistas é que os registros de gestantes e crianças que foram infectadas pelo vírus foram subnotificados.  Ou seja, futuramente, novas ocorrências que relacionem o Zika vírus e patologias neurológicas podem surgir, fazendo disparar esses números.

 

Alternativa de tratamento

Além de identificar as consequências do Zika vírus na fase adulta, a pesquisa também testou a eficácia do infliximabe, um medicamento já aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e que pode ajudar no tratamento dos efeitos da doença.

Essa droga já é utilizada para o tratamento da Artrite Reumatoide e Doença de Crohn, entre outras condições, e age inibindo a ação da proteína TNF alfa, que aumenta após a infecção por Zika. Sua utilização ajudou a diminuir a ocorrência de convulsões das cobaias na fase mais aguda.

O objetivo agora é verificar se esse tratamento pode ser usado na fase adulta para coibir os efeitos da inflamação no cérebro, mas ainda não há previsão para testes em humanos.

Atualmente, as crianças que nasceram com alguma má formação em decorrência da doença seguem recebendo acompanhamento profissional para que possam se desenvolver e ter uma vida saudável. Confira neste texto como estão as crianças com microcefalia hoje.