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Febre do Nilo Ocidental: Brasil liga o alerta para possibilidade de epidemia

Em abril de 2018, o estado do Espírito Santo registrou o primeiro caso de Febre do Nilo Ocidental em cavalos. As amostras, analisadas pelo Instituto Evandro Chagas e pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), confirmaram que os animais morreram vítimas dessa doença, o que ligou o alerta para eventuais contaminações em humanos.

O Núcleo Especial de Vigilância Epidemiológica, órgão vinculado à Secretaria de Estado da Saúde (SESA), está tomando medidas para entender esse novo agente viral e tomar as medidas assertivas para contê-lo ainda no estágio inicial.

 

O que é a Febre do Nilo Ocidental?

A doença Febre do Nilo Ocidental é causada por um vírus do gênero Flavivírus, e seu meio de transmissão predominante é pela picada de mosquitos Culex, popularmente conhecido como pernilongo. Na década de 90, pequenos surtos de Febre do Nilo Ocidental foram registrados nas Américas; as epidemias maiores ocorreram em países da África, Europa e em Israel.

Entretanto, nos últimos 15 anos, foram divulgadas evidências de circulação do vírus em alguns países da América do Sul. Desde 2003, o Ministério da Saúde inclui a Febre do Nilo Ocidental na Lista Nacional de Doenças e Agravos de Notificação Compulsória.

Os hospedeiros naturais são algumas espécies de aves silvestres, que atuam como fonte de infecção principal para os mosquitos. Seres humanos e equídeos são considerados hospedeiros acidentais e terminais, uma vez que a presença do vírus no sangue ocorre por curto período e em níveis insuficientes para dar prosseguimento ao ciclo de transmissão.

 

Saúde pública em alerta

Mas a contaminação em humanos ainda é preocupante. Os sintomas dessa infecção viral podem variar bastante, indo desde a encefalite grave, ou casos de febres e dores musculares, até mesmo à ausência de sintomas. Essa variabilidade de diagnósticos pode ser mais um agravante para o monitoramento da sua propagação. Para planejar e executar políticas de prevenção, os agentes de saúde precisam de dados confiáveis sobre a ocorrência das doenças, que devem ser levantados com o exame laboratorial e cruzados com a avaliação clínica.

Uma vez que em momentos de aumento da ocorrência de uma doença é difícil a avaliação laboratorial de todos os casos, um surto pode fazer com que o diagnóstico fique restrito apenas ao quadro de sintomas. Isso poderia limitar a assertividade dos dados e a oportunidade de avaliar a atuação do vírus.

 

Prejuízos a longo prazo

Assim como Dengue, Zika e Chikungunya, o vírus da Febre do Nilo Ocidental pode estar associado à manifestações neurológicas como encefalite, meningite, síndrome de Guillan-Barré, entre outras.

Atualmente, o tratamento é sintomático visando redução da febre e outros sintomas. Casos mais graves podem demandar hospitalização, com reposição intravenosa de fluidos, suporte respiratório e prevenção de infecções secundárias. Pacientes com quadros de encefalites ou meningoencefalite em sua forma severa podem exigir tratamentos específicos.

Por esse motivo, a SESA divulgou nota técnica solicitando a atenção dos profissionais de saúde aos casos diagnosticados, especialmente para aqueles pacientes que venham a desenvolver esses quadros neurológicos virais ou bacterianos.

“Mediante situação epidemiológica da doença, principalmente em locais em que há um aumento nos números de notificações sugestivos de arboviroses, solicitamos atenção aos profissionais de saúde especialmente entre pacientes que desenvolvam quadros neurológicos virais ou bacterianos, tais como: encefalite, meningoencefalite, síndrome de Guillan-Barré, entre outros, que seja observado o diagnóstico diferencial com a infecção pelo VNO (Vírus do Nilo Ocidental)”, diz trecho da nota técnica da Sesa.

 

Combate inteligente e orientado pode ser a saída

Na ausência de uma vacina para imunizar a população à Febre do Nilo Ocidental, a melhor alternativa é um monitoramento dos vetores dentro das principais áreas afetadas. Mas esse trabalho exige uma atuação inteligente da gestão de saúde pública, combinada com ferramentas modernas de vigilância epidemiológica, como entomologia aplicada, biologia molecular e tecnologia da informação.

No Espírito Santo, hoje o ponto central de alerta sobre a doença, a Ecovec vem desde o início de 2017 desenvolvendo um trabalho com o MI-Aedes, seu produto de monitoramento de infestação de mosquito Aedes Aegypti, da circulação viral e de possíveis ocorrências em humanos em 78 cidades do estado.

Com esse trabalho de captar e considerar todas as informações disponíveis para a classificação de risco, foi possível realizar a detecção antecipada da entrada do vírus da dengue e seus quatro sorotipos em Vitória. Baixe e veja o case completo.

A abordagem acurada, que utiliza armadilhas para capturar, identificar e quantificar os mosquitos encontrados em uma área, permite aos órgãos de saúde atuar de forma inteligente em três frentes: população do mosquito, ocorrências virais e possíveis casos humanos. Esses dados ajudam na construção de um relatório completo para a tomada de decisão, o que pode ser fundamental na prevenção dessa ameaça.