Por que o Aedes aegypti transmite tantas doenças? MI-Aedes - Ecovec

Por que o Aedes aegypti transmite tantas doenças?

Entenda por que vários vírus encontram nesse mosquito um ótimo vetor

Inicialmente conhecido no mundo pela Febre Amarela, e no Brasil pela Dengue, o Aedes aegypti (que significa “odioso do Egito”) transmite várias outras enfermidades. Aliás, ele é o mosquito com capacidade de transmitir a maior variedade de doenças, entre elas Zika, Chikungunya e outras mais raras, como a Encefalite equina venezuelana e a febre Mayaro.

Nascido na África em áreas silvestres, o Aedes aegypti chegou às Américas ainda na época da colonização, em navios. No Brasil, ele já foi erradicado duas vezes – em 1958 e em 1973, mas o relaxamento das medidas de controle fizeram com que ele ressurgisse. Especialmente no ambiente urbano, ele encontrou um espaço ideal para sua proliferação.

Mas, por que esse mosquito transmite tantas doenças e é tão competente? Listamos alguns fatores que podem ajudar a explicar isso.

Proximidade com os seres humanos

Após tanto tempo em contato com humanos e cidades, o Aedes aegypti se “especializou” em dividir espaço conosco. Por isso ele está presente em quase todo o mundo, exceto em lugares muito frios.

Uma vez que o Aedes é capaz de se adaptar a vários recipientes (de uma tampa de garrafa a um pneu) e prefere sangue humano, ele é um vetor muito eficiente para os vírus.

Alta reprodutibilidade

Uma única fêmea pode gerar centenas de ovos de uma só vez, e distribuí-los por diferentes ambientes. Espalhados em diversos locais, esses ovos se desenvolvem e se transformam em novos mosquitos. Mesmo em locais secos, eles podem permanecer inertes por até um ano, aguardando o contato com a água para se desenvolverem. Poucos vetores são capazes de resistir por tanto tempo.

Sendo assim, o controle se torna mais difícil. “Quando tentamos exterminá-lo, é muito grande a chance de um destes locais passar despercebido”, afirmou Fabiano Carvalho, entomologista e pesquisador da Fiocruz Minas.

Flexibilidade

Diferente dos pernilongos, que só saem à noite, o Aedes aegypti tem hábitos diurnos. Ele prefere sair em busca de sangue pela manhã ou no fim da tarde, e evitar os momentos mais quentes do dia. Porém, se ele não conseguir se alimentar, ele pica também de noite. O seu “expediente” de transmissão das doenças, portanto, é maior.

Simbiose com os vírus

Os vírus encontram nas características do Aedes aegypti uma forma bastante eficaz de se reproduzir. Uma vez que ele está em constante contato com humanos, se adapta facilmente e tem um apetite especial por sangue, ele se tornou um ótimo vetor para transmissão de doenças.

“Todo ser vivo busca uma forma de se proliferar, e com os vírus não é diferente. Nestes casos, eles podem ser transmitidos por outros vetores, mas que não são tão efetivos”, afirma Erico Arruda, presidente da Sociedade Brasileira de Infectologia. “Eles (vírus) conseguiram no Aedes aegypti e na forma como este mosquito evoluiu uma relação de simbiose muito boa.”

Se interessou? Para saber mais sobre o ciclo de reprodução do Aedes aegypti e como ele pode ser monitorado, clique aqui