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Os perigos de um outro Aedes

Conheça o Aedes albopictus, as doenças que transmite e o risco que oferece ao Brasil

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Quando se trata de Aedes, o mundo deve estar atento à sua presença. Além do Aedes aegypti, que é encontrado no Brasil desde o período colonial, é necessário não perder um de seus parentes do radar. O Aedes albopictus, também chamado de Tigre Asiático, é um agente transmissor de arboviroses no sudeste asiático, no oeste do Pacífico e nas Américas do Norte, Central e do Sul. Seu primeiro registro no Brasil data de 1986, no Rio de Janeiro, e hoje é encontrado em quase todos os estados do país.


Embora aja mais comumente como um vetor secundário da dengue em diversos países, o A. albopictus foi apontado como o principal vetor da doença em epidemias em Bangladesh e no Havaí. Nos Estados Unidos, foi detectado como transmissor de diversas outras arboviroses, como encefalites e Febre do Nilo Ocidental. Por vezes vetor da Chikungunya e dengue, pode potencialmente carregar também a zika, febre amarela, Mayaro e outras. No Brasil, ele ainda não atua enquanto vetor dessas arboviroses. No entanto, já foi reconhecido como transmissor de diferentes vírus na literatura científica:

tabela (1)
http://www.entomotropica.org/index.php/entomotropica/article/download/394/431


Suas semelhanças com o Aedes aegypti também estão na forma física e modo de se reproduzir, apesar de possuírem também diferenças nesses pontos. Onde no dorso o A. aegypti tem o desenho de uma lira, o A. albopictus possui uma única listra longitudinal branca, que se estende até a cabeça. Enquanto o A. aegypti se reproduz em criadouros artificiais onde se acumula água, o A. albopictus já os encontra na natureza. Troncos de árvores e cascas de frutas são exemplos.

O que nos leva a outra distinção importante: o habitat. O albopictus habita ambientes com vegetação, tanto na área urbana quanto rural. Ele também é mais visto no entorno ou um pouco afastado das residências (peridomicílio). Ao contrário do aegypti, que é encontrado mais frequentemente no intradomicílio.

Apesar de estar originalmente em áreas suburbanas e rurais, o Ae. albopictus vêm se adaptando a uma grande diversidade de criadouros naturais e artificiais. “Seu ecletismo em frequentar tipos distintos de criadouros no ambiente urbano, tem proporcionado a sua rápida adaptação ao ambiente peridoméstico”, escrevem Victor Pessoa, David Silveira, Izabel Cavalcante e Maria Izabel Florindo, no artigo Aedes albopictus e dengue no Brasil.

Eles também destacam que pesquisadores da área vêm observando “uma significativa antropofilia do Ae. albopictus, que, combinada com sua habilidade de transitar pelos ambientes urbano e periurbano, fazem deste culicídeo uma ponte entre patógenos silvestres e urbanos, dentre os quais destacam-se os vírus Chikungunya, Dengue e da Febre Amarela”.

Ou seja, este mosquito poderia servir como conexão entre os ciclos silvestre e urbano de doenças como a Febre do Nilo Ocidental, nos Estados Unidos, e a Febre Amarela no Brasil. Além disso, ele é potencial vetor de diversas outras doenças que ainda não chegaram ao país. Mapear a presença do albopictus nas áreas urbanas se torna, então, uma importante medida de prevenção e controle.

O MI-Aedes, tecnologia desenvolvida pela Ecovec, oferece essa possibilidade de detectar a presença desse mosquito. Saiba mais sobre o sistema aqui.